Atualmente, Pabllo é a maior artista pop do país! Pode não ser a mais famosa, nem a que tem mais hits, contudo, é a que entrega a maior conceito e coesão em abundância nos seus trabalhos. Seu novo álbum, "Batidão Tropical", lançado numa noite de São João, não poderia escapar desse paralelo.
Após um primeiro single morno e uma estética que dividiu opiniões, Pabllo finalmente lançou seu novo projeto - que gerou uma pequena revolta do público pelo fato de mais da metade dele ser regravações. Contudo, a Drag apresentou mais um material impecável com a junção dos melhores fatores de sua carreira, como o do apelo para o público geral com "Ama Sofre Chora" e um tecnobrega em "Triste com T", com uma carinhosa referência para a cantora Alcione. O disco continua em faixas como "A Lua", onde a maranhense apresenta uma das melhores performances vocais de sua carreira, além de uma produção impecável e uma parceria lírica com Alice Caymmi.
Começam as regravações, e olha, que grata surpresa… Pabllo toma as faixas para si e adiciona um toque particular e autêntico seu em cada faixa. "Ânsia", uma regravação da “Companhia do Calypso”, uma das bandas favoritas de Pabllo - algo já declarado pela drag em diversas ocasiões - se tornou praticamente uma canção original, seja pelos vocais característicos ou pela produção com um pé no pop brasileiro, muito diferente da versão cantada pela ex-vocalista Mylla Carvalho.
"Apaixonada", pertencente à Banda Batidão, é mais um destaque do disco,apresentando o característico tecnobrega com uma marca registrada presente em quase todo o disco: o nome de Vittar dito com bastante personalidade. Seguimos com "Ultra Som", feita pela banda Ravelly, aparentemente é a mais especial para Pabllo, que declarou no Twitter a nostalgia ao cantar pois ouvia muito a canção quando morava em Santa Izabel do Pará. A canção contém referências diretas ao produtores da faixa, além de um som muito característico e futurista, que apesar de mostrar um lado diferente no disco, não soa desconexo.
Chegamos a "Zap Zum", outra regravação da Companhia do Calypso, mais parecida com a original, porém sustentada em muita personalidade, fazendo justiça a um dos maiores sucessos do grupo. A canção tem, na sua ponte, uma referência aos marcantes gritinhos agudos que a vocalista fazia na grande parte das músicas e que foi pulverizado como marca registrada da banda.
"Não é Papel de Homem", da Banda Vendaval, se destaca no álbum por lembrar bastante algo que a artista teria feito no seu segundo disco, o "Não Para Não". "Bang Bang", que começa com um tom faroeste, um quase sample da famosa canção "Bang Bang (My Baby Shot Me Down)", de Nancy Sinatra, é a última faixa do álbum, além de ser a terceira regravação da "Companhia do Calypso". Fechando com chave de ouro um dos maiores discos da carreira de Pabllo, que após ter frustrado muitas pessoas com seu interessante disco anterior, o 111, volta com toda a sua glória, ressignificando o próprio trabalho e mostrando que suas raízes maranhenses sempre estarão consigo e continuará a levá-la cada vez mais alto no panteão da música brasileira.
Apesar de muito descrédito por parte de muitos, Pabllo entrega mais um projeto inteligente e cheio de referências regionais, um projeto extremamente prazeroso.
Review publicada originalmente em nosso boletim informativo na data (Jul 6, 2021): acervo.substack.com
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